terça-feira, 31 de julho de 2012

Alemanha: Cidadãos espiões na luta anti-terrorismo

O estado alemão da Baixa Saxónia publicou um guia prático para ajudar os cidadãos a identificarem sinais de extremismo entre os muçulmanos, uma decisão que já levou a comunidade islâmica a falar em “alarmismo” e a oposição do Partido Social-Democrata (SPD) numa medida "absurda" e "ultrajante".

O documento de 54 páginas traça um quadro preocupante da ameaça do islamismo radical no pais, apontando que as autoridades de segurança alemãs estimam que cerca de 1140 indivíduos a viver na Alemanha constituem um risco elevado de se tornarem terroristas.

A inquietação é justificada. Embora organizações terroristas como a Al-Qaeda estejam a perder peso na Europa, o islamismo radical tem vindo a crescer, ainda que não seja a olhos vistos. Actualmente o radicalismo dá passinhos de lã, o novelo é longo e emaranhado e desenrola-se sobretudo noutro espaço, o virtual.

Muitos autores acreditam que a Europa passou a ser o alvo principal dos terroristas islâmicos, mais de uma década depois de o ódio de Bin Laden aos Estados Unidos ter sido corroborado por muçulmanos de todo o mundo, inclusive moderados.

Enquanto nos Estados Unidos a comunidade islâmica vem fazendo um trabalho estóico contra o extremismo, a Europa tem-se tornado no terreno ideal para aliciar futuros terroristas e até conseguir apoios para actos dessa natureza.

Os chamados “muçulmanos sociológicos”, que cresceram na Europa, onde se sentem discriminados e sem perspectivas de beber do “sonho europeu” (muito menos agora com a região em profunda crise), acabam por se tornar num alvo fácil para as mensagens do islamismo radical.

Ao indicar aos cidadãos 26 possíveis características do processo de radicalização, como aulas particulares de idiomas, preocupação com a vida após a morte, mudanças na situação financeira e realização de longas viagens a países com populações de maioria muçulmana, as autoridades estão a discriminar ainda mais os muçulmanos no seu todo, o que configura o cenário perfeito para os defensores do islamismo radical conseguirem mais apoio.

Se olharmos para as 26 características às quais o cidadão comum deve estar atento, provavelmente será difícil encontrar um único muçulmano que não seja um potencial terrorista. 

Mas pior do que isso: este género de “citizen intelligence” lembra práticas levadas a cabo em regimes ditatoriais, como alguns métodos da PIDE em Portugal. Ora convém referir que no mesmo documento as autoridades da Baixa Saxónia realçam que o objectivo estratégico de longo prazo das organizações islâmicas é destruir a democracia.

Para além do aumento das clivagens que isto poderá provocar na sociedade, levará também a um recurso maior à “taqiyya” (dissimulação) por parte dos islamistas radicais, apostando sobretudo em encontros em apartamentos privados e em disfarces com roupas e estilos de vida ocidentais boémios, o que causará maiores problemas aos espiões dos serviços de informações, cujo trabalho assenta num estudo exaustivo, na discrição e na cautela, cuidados que os cidadãos não vão ter.

Se é certo que a Intelligence tem sido uma das armas mais eficazes no combate ao islamismo radical – ainda que não seja necessariamente a melhor – e se até podemos concordar com algumas vantagens do envolvimento dos cidadãos no trabalho dos serviços secretos, esta medida torna-se demasiado perniciosa quando solicitada a uma população de uma região onde o Islão não é a religião dominante.

Ou se trata de uma decisão desesperada de quem já não sabe lidar com um fenómeno sem rosto, feito cada vez mais de “lobos solitários” e de “franshing” e não de organizações estruturadas, ou resulta de uma estratégia eleitoralista da conversadora CDU.  Em todos os casos, é uma medida incalculada com resultados imprevisíveis.

1 comentário:

  1. os muçulmanos são todos criminosos, seja em que lei for, e se for pela do próprio islam, não têm salvação.

    Quem estudar ao detalhe e pormenor o islam, descobre que tudo o que os maometas dizem e fazem são insultos, blasfémias, injurias, a maomé, ao islam e àquele allah.

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